Confesso que meu pai nunca foi um modelo de sucesso de gestão. Totalmente centralizador, não conseguia contratar ninguém para lhe ajudar e por conta disso eles “se matavam” naquele bar.
Desta forma, desde muito cedo, por frequentar quase diariamente o Bar do Sr. Wilson, aprendi muito no comércio do meu pai.
Aprendi a me relacionar com pessoas de todos os tipos: adultos, idosos, trabalhadores, aposentados, homens e mulheres e etc.
Aprendi a fazer compras (visitávamos diversos supermercados, Atacado e Varejo, em busca dos melhores preços para oferecer aos clientes bons produtos com bons preços) controlar estoque, contas a receber, contas á pagar, preparar alimentos (lanches – inclusive hoje é a minha especialidade aqui em casa, o famoso #giuburguer), atender e servir clientes, engolir alguns sapos (não era fácil aturar o pessoal que bebia de mais e passava da conta) e no final do dia tínhamos que fazer a limpeza de todo o local e repor as mercadorias nas geladeiras e prateleiras.
Me dividia entre os estudos, as brincadeiras na rua com meus amigos e alguns momentos junto aos meus pais no bar.
Sempre fui muito dedicado e organizado (virginiano nato) e sempre fiz o meu melhor nas escolas que passei, sempre com excelentes notas.
Aos 14 anos tive meu primeiro desafio ao fazer o famoso e temido “Vestibulinho”, uma espécie de vestibular para entrar em um Colégio Técnico, algo muito bom e raro para a época.
Estes colégios técnicos, além de ensinarem o ensino tradicional, associavam o ensino técnico e com isso todos os alunos já saiam com uma formação que nos permitia conseguir um bom emprego e a grande maioria já terminava o colégio empregado ou fazendo um bom estágio em uma boa empresa. Por isso eles eram muito disputados, a relação candidato/vaga era muito similar aos bons cursos das grandes universidades públicas e felizmente eu consegui a minha vaga!
Neste momento, ao mesmo tempo que eu tinha a minha primeira vitória pessoal eu também tinha minha primeira decepção: me separar dos meus grandes amigos, já que eles não conseguiram conquistar uma vaga no colégio técnico!
A vida me ensinava mais uma vez que não poderíamos ter tudo! Mas que o esforço valeria a pena!
O colégio era em período integral e a formação que eu escolhi foi ELETRÔNICA.
Assim como antes, continuei focado e tirando boas notas e com 17 anos já consegui meu primeiro emprego em uma empresa de Telecomunicações.
Ao mesmo tempo, meu pai se uniu ao meu tio e compraram uma auto peças e com isso acabei ajudando nas horas vagas a administrar este novo negócio.
Antes mesmo de terminar o colégio, tive mais uma grande vitória. Prestei Vestibular e conquistei uma vaga em uma Universidade Pública, no curso de Engenharia Civil.
Iniciei o novo curso e ajudava meu pai e meu tio na auto peças fazendo atendimento a clientes no balcão, reposição de estoque e prateleiras, compras, contas a pagar e a receber e relacionamento com clientes via telefone.
Neste momento a minha cabeça estava confusa e preferi não continuar na carreira de exatas. Abandonei a faculdade e comecei a pesquisar mais sobre a área de saúde.
Neste tempo fiz meus 18 anos, tirei minha carta e realizei meu maior sonho de ter meu primeiro carro, um MONZA 1989.
Enquanto eu estagiava na empresa de Telecomunicações eu iniciava a faculdade de Fisioterapia e é aqui que a História da ONE se iniciava.
Focado como sempre, tirava as melhores notas da turma, fazia questão de participar da monitorias das disciplinas de Anatomia, Neurologia e Cinesioterapia. Eu saia de casa as 6:00hs para trabalhar, saia do trabalho as 18:00hs e ia direto para a faculdade. Voltava pra casa somente ás 00:00hs. Foi assim por 5 anos.
Assim que me formei, comecei a perceber que as coisas estavam ficando difíceis e meu pai decidiu construir um galpão em um local não muito centralizado para assim eliminarmos o aluguel que era altíssimo. E eu, com apenas 22 anos, fiquei responsável pela construção da minha primeira obra. Era muita responsabilidade e eu não poderia decepcionar meu pai. Meu foco naquele momento era gerenciar uma equipe de construção Civil e conseguir os melhores preços para baratear a obra do meu pai.
Durante este período eu encontrei a minha grande parceria, que hoje é a mãe do meu filho Henrique e a pessoa mais importante da minha vida, minha esposa Ana Paula.
Assim que terminei a faculdade e esta obra para meu pai, iniciei alguns estágios remunerados de Fisioterapia e foi ali que me deparei com uma grande deficiência. Percebi que a faculdade tinha me preparado para ser um Excelente Fisioterapeuta, mas faltava muito ainda. Eu não gostaria de trabalhar para ninguém. Minha criação me fez focar em ter meu negócio próprio e não depender de um salário. Com isso percebi a maior falha das universidades, a qual existe até hoje: elas não te preparam para ter uma empresa.
Não tive disciplinas que me ensinassem a captar clientes/pacientes, treinar secretária, fazer contas a pagar e a receber da minha clínica, enfim, nada de Gestão!
E agora, o que fazer?
É agora que as coisas começam a fazer sentido. Decidi a aplicar todo o conhecimento que tive no bar do Sr. Wilson, na Auto Peça do sr. Wilson e no gerenciamento da obra do Sr. Wilson e montar meu primeiro negócio: minha primeira clínica.
Graças aos ensinamentos da vida e do Sr. Wilson eu poderia iniciar este projeto, mas e meus amigos Fisioterapeutas que não tiveram esta mesma experiência de vida? Como seria? Acabaram trabalhando para os outros e muitos, por não conseguirem emprego, desistiram da profissão. Jogaram no lixo os 5 anos de estudo de Fisioterapia.
Mas eu não, eu não desisto fácil e decidi empreender.
Decidi fazer um curso de terapia manual para complementar a minha formação e montar uma clínica.
Escolhi a cidade natal do meu pai para iniciar, pois se tratava de uma cidade do interior onde as coisas demoravam um pouco para chegar em comparação a SP e com isso eu esperava levar um diferencial e tecnologia para a população local.
Em 2003, junto com a minha esposa, que também é Fisioterapeuta, montamos nossa primeira clínica. Vendi meu carro, comprei alguns equipamentos e alugamos uma casa para iniciarmos nossos atendimentos. Eu fiquei responsável pelos atendimentos de Ortopedia, em especial Coluna, Joelho e Quadril e minha esposa fazia atendimentos a pacientes Neurológicos e Dermato-Funcional. Eu fazia a administração e gestão da clínica e minha esposa preparava nossas refeições e fazia a limpeza e atendimento dos pacientes. Desta forma economizávamos com secretária e faxineira.
Com menos de um ano já havíamos feito uma clientela fiel em uma cidade que JAMAIS havíamos morado, não tínhamos amigos ou conhecidos e mesmo assim usamos as nossas habilidades para atrair e fidelizar clientes.
Em 2006, com a ajuda dos nossos pais, conseguimos construir a nossa primeira clínica com o foco de expandir nossos atendimentos, fugir do aluguel e ter renda extra com a locação de outras salas. Esta clínica possuí uma boa recepção, uma copa, 8 salas de atendimento e uma área de musculação e treinamento funcional. Com esta configuração pudemos oferecer mais serviços e cobrar um valor maior e mais justo.
Mesmo assim eu ainda não me sentia confortável. Precisava buscar mais conhecimento para sempre oferecer o que há de melhor para meus pacientes. Trazer a tecnologia das cidades grandes para o interior de SP. Com isso continuei estudando, fiz pós-graduação, aprendi outras técnicas e ainda fazia a gestão de toda a clínica e dos locatários.
Em 2011 percebi um GAP em atendimentos de Fisioterapia Especializada na cidade de Curitiba e resolvi, pela primeira vez, realizar a expansão da minha clínica.
Por meio de alguns parentes da minha esposa, fizemos uma busca por clínicas e confirmei que de fato tinha um grande espaço a ser explorado nesta grande capital.
Montamos então nossa segunda unidade focada em atendimentos de Coluna Vertebral, RPG e Pilates.
Novamente a história se repetia. Em uma cidade onde não conhecíamos nada e nem ninguém, resolvemos iniciar um negócio e em menos de dois anos eu já tinha uma equipe de 8 funcionários e me sentia muito feliz por poder aplicar meus conhecimentos de marketing e gestão, e ver a clinica crescendo mais e mais a cada dia.
Porém uma coisa me preocupava, meu filho acabar de nascer e além de ter que ficar 3 dias por semana longe dele e da minha esposa, a viagem de Assis á Curitiba era feita apenas por ônibus, 9 horas madrugada a dentro, eu não tinha outra opção.
Como eu não sou de me acomodar, busquei rapidamente uma solução para poder ficar mais próximo da minha família e me desgastar menos nas viagens.
Busquei uma cidade que pudesse usar as companhias aéreas para poder me deslocar com mais facilidade e mais rapidamente.
Como eu gosto do Interior de SP, resolvi me mudar para Ribeirão Preto. Mas e agora? O que fazer em Ribeirão Preto? Também não conhecia nada e nem ninguém! E a clínica de Assis, como eu faria?
Bom, medo eu já não tinha mais, pois eu tinha plena convicção que gestão era meu forte além da Fisioterapia. Minha história me construiu assim. Então pensei, porque não montar um outra clínica, a minha terceira e trazer para Ribeirão Preto todo meu conhecimento. E assim eu fiz.
Em 2013 nos mudamos para Ribeirão Preto, buscamos uma casa para morar, um imóvel para lugar e montar a clínica nos mesmos moldes de Curitiba com foco em Coluna Vertebral e Pilates, matriculei meu filho em uma escola e iniciamos mais esta jornada.
Em apenas 1 ano esta clínica também já tinha 6 funcionários.
Surgiu o Facebook, o Instagram, a forma de relacionar com as pessoas mudava, os clientes ficaram mais exigentes, enfim, ficava cada vez mais difícil atrair novos pacientes e eu fui em busca de mais conhecimento de marketing e gestão para repassar a toda a minha equipe, mas uma coisa me preocupava: eu percebia que muitos fisioterapeutas e Profissionais da saúde não sabiam o que fazer e a quem recorrer. Notei que eu precisava aproveitar todo o meu conhecimento e facilidade em lidar com Gestão e ajudar estes profissionais. Mas como? Fiquei com isso na cabeça e sempre tentava buscar uma solução.
Em 2015, meu foco estava somente no trabalho e acabei esquecendo um pouco da minha saúde e, por pura coincidência, inauguraram um box de crossfit perto da minha casa. Foi quando eu decidi conhecer esta nova modalidade.
Em menos de 3 meses eu já estava encantado com a modalidade e já almejava alguns campeonatos.
Em 2016 decidi ampliar a clínica de Ribeirão Preto para poder atender Ortopedia em Geral e não apenas coluna e tive uma idéia de implantar o Crossfit no processo de reabilitação com o intuito de deixar mais lúdica as sessões de fisioterapia.
Estudei muito sobre o Crossfit e notei que é uma prática totalmente inclusiva, onde crianças, jovens, adultos e inclusive idosos praticavam e conseguiam evolução física e excelentes resultados. Ficava claro pra mim que eu poderia utilizar todo o meu conhecimento em Fisioterapia e Crossfit, com as devidas adaptações, para atender TODOS os meus pacientes.
Resolvi criar o CROSSFISIO e no projeto da minha nova clínica coloquei um mini Box de Crossfit dentro da clínica.
Foi sucesso! Eu me divertia e minha equipe toda ficou totalmente empolgada e satisfeita com esta área e passaram a usá-la com todos os nossos pacientes, até mesmo pacientes em crise de dores lombares, hérnias de disco e artrose evoluíam com este sistema. Os pacientes achavam incrível a metodologia e vinham super felizes e empolgados para a Fisioterapia.
Na minha cabeça eu tinha acabado de criar um modelo de reabilitação que acabava com o tédio e a mesmice de antigamente. Sem dizer que agora, com esta estrutura e estes equipamentos, os pacientes conseguiam alcançar seus objetivos de uma forma muito mais rápida.
Na minha cabeça um modelo de negócio estava criado e eu precisava passar isso a diante para ajudar a todos que não tiveram a mesma oportunidade que eu tive (aprender gestão no Bar do Wilson). E por que não unir o Crossfísio a todo meu conhecimento de Gestão e ajudar ainda mais os profissionais de Saúde?
Nascia então a Franquia ONE, onde, no papel, seria uma empresa que ofereceria aos profissionais de saúde um modelo eficaz de gestão e atendimento que foi testado e comprovado com EFICÁCIA ao longo de 17 anos.