O que é artrose no joelho?
A artrose no joelho é uma das patologias que mais frequentemente afeta esta articulação. Resulta de um processo degenerativo por desgaste na cartilagem do joelho que ocorre naturalmente com o aumentar da idade, ou secundariamente devido a excesso de peso, desvio no eixo do joelho ou traumatismo com fratura ou lesão de ligamentos cruzados. A artrose de joelho é, para além de um problema no joelho, um problema de saúde e bem estar geral, devido à grande repercussão na falta de mobilidade e funcionalidade que o doente padece. Os termos osteoartrose do joelho ou gonartrose são ambos sinónimos e referem-se ao desgaste da cartilagem do joelho. Contudo, de uma forma geral, o termo mais utilizado é simplesmente artrose. A gonartrose pode afetar apenas um, ou então, ambos os joelhos (gonartrose bilateral).
Causas da artrose no joelho Quanto à sua causa ou etiologia, a gonartrose pode ser classificada como primária ou secundária. Se a causa não é conhecida, denominamos como artrose essencial ou primária. Esta é aquela que resulta habitualmente de um processo degenerativo associado com a idade. Se existe uma causa conhecida que não apenas o provocado pelo envelhecimento então denomina-se como artrose secundária. Incluem-se nestas causas, como já referido acima, o excesso de peso, desvios no alinhamento do membro, sequelas de fraturas ou lesões menisco-ligamentares, necrose dos côndilos femurais, patologias reumatismais ou infeciosas, entre outras… Diagnóstico na artrose do joelho O diagnóstico da artrose é feito pelo exame clínico e pela imagiologia. A colheita de uma história clínica cuidadosa, com a pesquisa dos sinais e sintomas da doença ajuda habitualmente a orientar o diagnóstico. Este é confirmado pela realização e análise de radiografias dos joelhos em carga (RX face e perfil) assim como incidências axiais para a patela. A tomografia computorizada (TC ou TAC) e a ressonância magnética (RM), para além de uma adequada avaliação do desgaste da cartilagem, permitem também o estudo de outras lesões associadas, nomeadamente lesões meniscoligamentares. Sintomas da artrose do joelho A artrose no joelho origina os seguintes sintomas:
Dor no joelho de carácter mecânico, isto é, que surge com o movimento e alivia com o repouso, localizando-se no compartimento mais afetado;
Rigidez ao iniciar os movimentos;
Derrame articular ou “inchaço do joelho”;
Deformidade progressiva do joelho, em varo ou valgo, consoante vai agravando a artrose do mesmo;
Claudicação do membro, por defesa à dor, o doente tem dificuldade em fazer apoio sobre o joelho lesionado, obrigando-o a “mancar” e usar apoios externos de marcha, como bengalas e muletas.
Indicações da fisioterapia na artrose
A fisioterapia na gonartrose ou artrose no joelho é fundamental para tentar evitar a degradação progressiva desta articulação e para diminuir a dificuldade na realização das atividades do dia-a-dia que este tipo de artrose origina, afetando a saúde e bem-estar do doente. O objetivo principal é adiar o máximo possível a incapacidade que a osteoartrose do joelho pode trazer, sobretudo pela dor e pela dificuldade em movimentar esta articulação, para que não surja a consequente inatividade. O tratamento fisioterapêutico deve ser efetuado sempre que há sintomas ou sinais desta doença articular, como por exemplo dor, edema (inchaço), déficit de extensão (não conseguir esticar) ou déficit de flexão (não conseguir dobrar) a nível do joelho. Dado que esta é a artrose mais frequente dos membros e que atinge os dois joelhos (gonartrose bilateral) em mais de metade dos casos, são muitos os pacientes que se beneficiam deste tipo de tratamento para controlar a dor e para impedir que se trate de uma patologia incapacitante. O tratamento fisioterapêutico da artrose no joelho tem sempre que ser individualizado, isto é, tem que ser adaptado à patologia do paciente a nível do joelho, a outras patologias articulares e outras doenças. Medidas gerais no tratamento da Artrose Na base da abordagem terapêutica da osteoartrose do joelho estão sempre as fundamentais medidas de higiene articular, ou seja, de proteção das estruturas da articulação do joelho, nomeadamente da cartilagem. É imprescindível educar o paciente com gonartrose e também a sua família para:
perder / não ganhar peso (a obesidade é um fator de risco e também de agravamento da artrose do joelho);
evitar subir e descer escadas;
evitar a posição de cócoras e de joelhos no chão;
evitar caminhadas grandes, sobretudo se efetuadas em terrenos com subidas e descidas;
aumentar os períodos de repouso;
evitar carregar pesos;
evitar calçado com saltos altos.
Alternativas no tratamento da artrose Para aliviar a dor e outros sintomas associados à gonartrose, podem ser prescritos fármacos analgésicos e/ou anti-inflamatórios, que serão ajustados caso a caso e somente com indicação médica. O tratamento com os fármacos sulfato de glucosamina e sulfato de condroitina tem tido uma utilização crescente, apoiada em resultados de estudos que revelam o seu papel no alívio da dor e também como prováveis condroprotetores. A aplicação intra-articular de ácido hialurónico adequada ao grau de artrose é outra das possibilidades terapêuticas comprovada. Outros métodos utilizados para tentar diminuir a dor e a progressão da artrose são as ortotéses plantares (palmilhas, cunhas) e as ortóteses do joelho (joelheiras), sobretudo em casos de alterações de alinhamento da articulação do joelho (em valgum ou varum).
*Importante: de nada adianta estas alternativas citadas acima (medicamentos, acido hialurônico e órteses) se o tratamento Fisioterapêutico não estiver associado. Eles são alternativas paliativas que podem gerar apenas alivio temporário, mas não atuam na causa.
O sucesso se dá com a união destas alternativas e da Fisioterapia Especializada.
Cirurgia A cirurgia de substituição da articulação do joelho por uma prótese (artroplastia do joelho), é um tratamento muito eficaz na gonartrose avançada. Quando o paciente e o seu médico Ortopedista especialista em joelho decidem proceder à colocação de prótese do joelho, o doente pode ser logo enviado para orientação pelo médico Fisiatra (que possui a Especialidade de Medicina Física e de Reabilitação), para que ainda na fase pré-operatória se dê início ao programa de reabilitação. Após a cirurgia de artroplastia do joelho, a fisioterapia é fundamental para reabilitar corretamente a articulação operada, nomeadamente através de diversas técnicas e exercícios específicos indicados para cada fase da recuperação. Em que consiste a fisioterapia na artrose? A Fisioterapia na artrose consiste na utilização de diversas modalidades e técnicas terapêuticas que têm como objetivos:
combater a sobrecarga da articulação (“stress” no joelho);
diminuir a dor;
evitar ou combater o derrame articular (aumento do líquido dentro da articulação);
manter ou recuperar os movimentos de flexão e extensão do joelho;
aumentar a flexibilidade das estruturas retraídas;
aumentar a estabilidade do joelho;
manter ou aumentar a funcionalidade do paciente.
Como estabelecer o programa de fisioterapia? Para estabelecer o programa de Fisioterapia adequado, o Fisioterapeuta tem que conhecer todas as patologias do doente, nomeadamente a nível de outras articulações. A idade do paciente é também um fator importante a ter em conta, sobretudo se o indivíduo é jovem ou idoso, já que existem diferenças significativas a nível do tratamento nestas idades.
Em relação ao joelho, tem que se avaliar as queixas, fazer o exame clínico e objetivar eventuais défices funcionais, para determinar em que fase está a artrose do joelho do paciente. O tratamento de uma artrose inicial é muito diferente do tratamento de uma artrose evoluída.
A artrose do joelho pode ter uma evolução constante, quer seja lenta ou rápida, ou então pode progredir com crises inflamatórias que alternam com fases em que não existe avanço da doença articular. No caso de o doente surgir com uma crise dolorosa e/ou derrame articular, ou seja, com uma agudização inflamatória da artrose, o programa de Fisioterapia será diferente. Nesta situação, muitas vezes, é necessária a utilização de 1 ou 2 muletas, para descarga (descanso) da articulação, tentando diminuir a deterioração da cartilagem que usualmente acontece nestas crises.
Durante a progressão das alterações artrósicas do joelho a nível das estruturas intra-articulares (cartilagem, osso e membrana sinovial) surgem também alterações a nível dos ligamentos desta articulação e dos músculos com ela relacionados. A diminuição dos reflexos neuro-musculares protetores da articulação do joelho sobretudo por défices a nível do quadríceps (músculo da parte da frente da coxa) dá origem a instabilidade do joelho, que por sua vez contribui para o agravamento da artrose. O tratamento vai depender dos déficits musculares que o paciente apresenta, sendo que o reforço muscular específico é uma vertente imprescindível na reabilitação do joelho artrósico.
O tratamento na artrose pode ser efetuado em sessões diárias ou em dias alternados e a sua duração (número de sessões) vai depender da melhoria do quadro e dos objetivos propostos para cada caso. O tratamento nunca deve despertar dor ou inflamação do joelho e deve sempre tentar reintegrar o joelho artrósico no equilíbrio geral do paciente.
Em todos os casos de artrose, o objetivo é aumentar a função do joelho, conseguindo assim uma melhoria da qualidade de vida do paciente.
Modalidades e técnicas de Fisioterapia
Para tratamento das queixas e sinais inflamatórios do joelho com artrose podem ser utilizados os agentes físicos calor (superficial ou profundo), frio (normalmente indicado nas crises inflamatórias), ultra-sons e correntes elétricas (com fins antálgicos e anti-inflamatórios ou então para estimulação neuro-muscular).
Os diversos tipos de massagem são técnicas muito utilizadas, visto que podem atuar nos diferentes tecidos peri-articulares e também em todo o membro inferior, além de possuírem inúmeros efeitos benéficos.
As técnicas de mobilização da patela e do joelho, adequadas a cada caso, visam aumentar os seus movimentos, sendo a extensão completa do joelho um objetivo muito importante.
Os métodos de estiramento (alongamento) sobretudo das estruturas posteriores (parte de trás) da coxa, joelho e perna são também essenciais para combater o flexum do joelho (défice da sua extensão).
Podem ainda ter que ser utilizadas técnicas terapêuticas em outras articulações, sobretudo a nível do outro joelho e ancas.
O treino de equilíbrio e de propriocepção (consciência da posição) e a reeducação do padrão de marcha são também métodos fundamentais na reabilitação de uma gonartrose. Se necessário, é ensinada a utilização de um auxiliar de marcha (normalmente uma canadiana, que deverá ser usada do lado oposto ao joelho artrósico).
Os exercícios de reforço muscular específico do membro inferior com artrose do joelho, ou seja, os exercícios para fortalecer o joelho com desgaste da cartilagem têm que ser realizados em diversos músculos, para que se consiga aumentar o máximo possível a estabilidade a nível do joelho.
É imprescindível o fortalecimento muscular adequado sobretudo do quadríceps (músculo da parte da frente da coxa) e, logo de seguida, dos isquio-tibiais (músculos da parte de trás da coxa), mas também é muito importante o reforço de músculos como o tensor da fáscia lata (lado de fora da coxa) e os gémeos (parte de trás da perna), entre outros, para que se consiga o global fortalecimento do joelho e equilíbrio muscular desta articulação.
A Hidroterapia é uma modalidade terapêutica muito útil em todas as fases da gonartrose, já que os diversos métodos e técnicas são realizados em descarga articular (a imersão em água diminui a carga no joelho). Artrose do joelho - exercícios indicados Os exercícios de fisioterapia para o joelho com artrose, quer sejam de reforço muscular, quer sejam de treino de propriocepção (consciência da posição), equilíbrio e marcha, devem sempre fazer parte do programa de tratamento desta patologia e, se possível, devem ser progressivamente mais complexos. É também importante o treino das atividade do dia-a-dia do paciente e de exercícios protetivos, tentando impedir a ocorrência de quedas. Na gonartrose, os exercícios para fortalecer o joelho podem ser diferentes se existir um local da articulação que esteja mais atingido: região femuro-patelar (parte da frente), femuro-tibial medial (parte de dentro) ou femuro-tibal lateral (parte de fora). No fortalecimento do joelho artrósico podem ser realizados exercícios estáticos (ou isométricos) e dinâmicos (que incluem diversos tipos de movimentos), tentando-se sempre aumentar a sua dificuldade e adequar os exercícios aos gestos funcionais do paciente. A bicicleta é um exercício recomendado na gonartrose, mas a sua realização implica alguns cuidados sobretudo para proteção da região femuro-patelar do joelho, como por exemplo a resistência ao movimento (deve feita pouca força para conseguir movimento) e o grau de flexão do joelho (o pedal deve estar suficientemente longe do assento para que o joelho não dobre muito). Os exercícios de estiramento (alongamento) das estruturas posteriores (parte de trás) do membro inferior e também dos músculos flexores da anca devem ser sempre integrados na reabilitação do joelho com artrose. Se for possível, andar de costas e movimentar os pedais da bicicleta para trás são exercícios benéficos na gonartrose. O paciente deve fazer exercícios de forma regular em casa, após ter-lhe sido ensinado um programa adequado de exercícios de fortalecimento muscular do joelho e também de exercícios específicos de alongamento. Atividade física e a gonartrose Na gonartrose é fundamental que não haja diminuição da atividade física do paciente, procurando-se até um aumento desta prática, mas sempre adequada à patologia a nível do joelho e à condição global do paciente. Além do reforço muscular específico já anteriormente referido, o treino aeróbico apropriado é também essencial para que o paciente com artrose do joelho aumente a sua capacidade funcional. Existem estudos que claramente evidenciam um efeito benéfico do exercício terapêutico na gonartrose, incluindo na diminuição da dor no joelho artrósico, pelo que o exercício físico adequado até deve idealmente ser incorporado na rotina diária do paciente com desgaste da cartilagem do joelho. Um indivíduo com gonartrose pode realizar o reforço muscular e o exercício aeróbico adequados no contexto de um desporto que goste, desde que os gestos desportivos não despertem dor no joelho (este sintoma é um sinal de alarme muito importante). A idade, a preparação física e a experiência anterior em desporto são também elementos determinantes na escolha da atividade desportiva. O grau de artrose e o equilíbrio muscular do joelho são os fatores decisivos, ou seja, os que vão ou não permitir a prática de determinado desporto. De uma forma geral, na gonartrose são desaconselhados os desportos com alto impacto no joelho, por exemplo que impliquem saltos. A marcha (caminhar), as danças de salão, o exercício em meio aquático (hidroginástica, natação, etc) e a bicicleta são atividades de baixo impacto recomendadas sobretudo para indivíduos com idade mais avançada, embora com adequações (como as já descritas anteriormente para a bicicleta).
ATENÇÃO
Se você tem dor, NÃO se auto-medique sem saber a causa das suas dores.
Não existe medicamento mágico, pomada, massagem, técnica revolucionária, exercício único! Esqueça isso!
Não existe receita de bolo, ou seja, cada paciente precisa de um tratamento específico para seu caso e por isso uma avaliação é fundamental!
Outra coisa, você pode até fazer um exame, mas não acredite em tudo que vai ler!
Leve este exame a um bom profissional que saiba ler e interpretar bem o laudo, mas faça PRINCIPALMENTE uma boa Avaliação Física utilizando testes Ortopédicos e Neurológicos com embasamento Científico! Só assim você vai tratar o que de fato te causa dor!
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