Ombro doloroso
A dor no ombro pode ser originada por causas traumáticas e não traumáticas. Entre as causas não traumáticas, a bursite e a tendinite do ombro são provavelmente as mais frequentes. No entanto, podemos identificar diversas patologias capazes de provocar dor no ombro. A síndrome do ombro doloroso é considerado uma entidade clínica abrangente, pois engloba uma série de patologias (doenças) de etiologia diferente. Embora a articulação gleno-umeral seja das que apresentam maior mobilidade, a dor no ombro nem sempre está associada com movimentos do ombro, pois em situações inflamatórias, caracteristicamente o doente refere agravamento durante a noite, que o impede de dormir ou descansar sobre o lado do ombro afetado. São por isso dores incapacitantes e incomodativas, que podem levar o paciente a um estado de fadiga extremo por falta de repouso, obrigando o clínico a uma abordagem rápida e eficaz no controle da dor.
Causas da dor no ombro De uma forma geral, as causas de dores no ombro podem ser classificadas em traumáticas e não traumáticas. As quedas com traumatismo directo do ombro, originam frequentemente fraturas do úmero proximal (em especialmente se se trata de osso osteoporótico, num idoso) ou luxações da acromioclavicular (geralmente em doentes mais jovens).
Os esportes que mais traumatismos diretos com lesão do ombro originam são atualmente o ciclismo (especialmente BTT) e o Rugbi. No entanto, a dor no ombro após queda pode resultar também de uma entorse com estiramento ou mesmo rotura das estruturas musculoligamentares envolventes.
Dentro das causas não traumáticas, a bursite do ombro ou a tendinite no ombro são talvez as mais frequentes. Aparecem muitas vezes associadas ao trabalho ou esforço excessivo que este por vezes acarreta, assim como à prática de determinadas modalidades desportivas como: musculação, crossfit, natação, tênis, handebol e voleibol.
A simples fadiga pode ser acompanhada por dor muscular no ombro, mas resolve sem necessidade de qualquer intervenção terapêutica.
A calcificação no ombro ou tendinite calcificante do manguito é uma forma de tendinopatia no ombro que se caracteriza pela deposição de fosfato de cálcio, causando inflamação e dor, dor esta que surge por surtos. O RX e a Ecografia são os métodos de eleição para a sua visualização.
Não é fácil o controle da dor por calcificação do tendão. Os AINE´s, a Fisioterapia (mesmo com recurso a ondas de choque) e a cortisona intramuscular podem não ser suficientes e obrigarem à utilização de métodos invasivos como a infiltração subacromial ou a “barbotage” guiada por ecografia (picadas sucessivas com agulha, em Inglês “needling”).
Habitualmente, se estes métodos falham então efetuamos a limpeza das calcificações realizando uma artroscopia do ombro.
Não tão comum como em outras articulações, a artrose no ombro é também causa crônica de dor na articulação do ombro.
Embora até recentemente não houvessem soluções eficazes para oferecer aos doentes que padeciam desta patologia, actualmente os médicos especialistas de ombro têm ao seu dispor uma série de modelos de próteses do ombro que se adaptam aos diferentes tipos de casos clínicos que surgem na consulta da especialidade.
Dores nos ombros - quadros associados
Veja de seguida alguns dos quadros associados ao ombro doloroso:
Dor no ombro e braço
A dor no ombro que irradia para o braço obriga ao despiste de patologia da coluna cervical, nomeadamente hérnia discal, que pode originar compressão de uma raiz nervosa e, assim, a chamada braquialgia (dor no ombro e braço). O exame clínico, quando efetuado por um especialista do ombro, permite distinguir entre este tipo de dor com origem na coluna, e a dor no ombro ao levantar braço ou mesmo a dor no ombro e cotovelo, típicas de situações inflamatórias, como o cotovelo do tenista (“ténis elbow”).
Dor no ombro e pescoço
A dor no ombro e pescoço é uma queixa muito frequente, geralmente em pessoas que passam muitas horas à secretária, a trabalhar em frente ao computador.
Resulta geralmente de contratura muscular do trapézio ou rombóides, provocada por tensão laboral ou má postura. Tipicamente, refere dor no ombro direito ou dor no ombro esquerdo consoante se trata de um doente destro ou não. Por vezes, basta calor local e alguns exercícios de relaxamento para obter alívio dos sintomas, mas em casos crônicos, a dor no pescoço e ombro apenas melhora com um programa de reabilitação adequado e um estudo e correção da ergonometria do posto de trabalho (nomeadamente ajustar a altura da secretária e cadeira ao seu biótipo).
Dor no ombro e costas
A dor no ombro e costas surge muitas vezes após carregar pesos, por contratura muscular dorsolombar ou bursites da região da omoplata. Neste último caso, caracteristicamente surge crepitação e ressalto (ou “estalos“) das articulações escapulotorácicas, provocando aquilo a que, em Inglês, se denomina de “snapping shoulder”.
Também a presença de dor no ombro ao respirar ou mesmo dor no ombro e axila podem ser resultado de uma patologia muito frequente, que normalmente evolui para a autoresolução, que é a neurite intercostal. Por fim, um quadro ansioso pode simular também um quadro álgico deste tipo e deve ser incluído dentro dos diagnósticos diferenciais de dor no ombro.
Diagnóstico na dor no ombro
À semelhança do que ocorre noutras articulações é importante definir com precisão as características da dor nos ombros, nomeadamente o seu local exato, intensidade, duração, carácter, irradiação, fatores desencadeantes ou posição antálgica. Os doentes apresentam, por vezes, outros sintomas acompanhantes que ajudam ao diagnóstico: crepitação ao mobilizar, rigidez, ressalto, sensação de instabilidade, ou mesmo dificuldade em levantar o braço e falta de força.
Para o exame clínico, estão descritas uma série de manobras específicas para cada patologia, como por exemplo: teste de Neer (para o conflito subacromial); teste de Jobe (para a ruptura do manguito); o “palm up” (para a tendinite bicipital) ou mesmo o teste da apreensão (para as instabilidades).
Classicamente, quer o RX quer a TAC permitem estudar as estruturas ósseas. Os exames imagiológicos que visualizam adequadamente os tendões do ombro são a ecografia (ECO) e a ressonância magnética (RM). Tanto do ponto de vista da sofisticação dos equipamentos, quer de experiência na sua realização e interpretação por parte dos especialistas envolvidos, tem havido uma grande evolução nos anos recentes, pelo que é assim possível não só diagnosticar roturas (completas ou parciais) como também avaliar o grau de tendinopatia do ombro, acrescentando valor prognóstico ao exame de imagem.
Tratamento na dor no ombro
O tratamento da dor no ombro depende naturalmente da patologia que a origina.
Na fase aguda, a administração de analgésicos, anti-inflamatórios ou mesmo infiltração articular com corticóides, são necessários para o controle da dor.
É importante preservar a amplitude articular ao longo do processo de tratamento pelo que a mobilização controlada do ombro e uma correta postura devem ser mantidos, quer à custa de movimentos ativos quer, se estes não forem possíveis, com recurso a mobilização passiva.
Após a determinação da causa ou etiologia da dor com recurso a exames adequados, o médico especialista de ombro deve estabelecer um programa de tratamento individualizado.
O tratamento conservador através de fisioterapia adequada permite resolver a maioria das situações de uma forma natural, não invasiva. Fisioterapeutas especializados e clínicas bem equipadas são essenciais para a reabilitação do ombro, nomeadamente com a possibilidade de fazer parte do tratamento com auxílio de treinamento funcional (Crossfisio). A viscossuplementação com ácido hialurônico pode, em algumas fases do processo, ter interesse no controle da dor provocada pela artrose no ombro. Já a injeção de fatores de crescimento no ombro não tem tido, segundo a literatura da especialidade, os resultados esperados, quer na artrose quer na tendinopatia. *Importante: de nada adianta estas alternativas citadas acima (medicamentos, acido hialurônico e órteses) se o tratamento Fisioterapêutico não estiver associado. Eles são alternativas paliativas que podem gerar apenas alivio temporário, mas não atuam na causa.
O sucesso se dá com a união destas alternativas e da Fisioterapia Especializada.
A cirurgia de ombro, quer por cirurgia aberta quer por artroscopia, é geralmente o último recurso para o tratamento. À exceção das próteses do ombro (para o tratamento da artrose gleno-umeral) ou osteossintese de fraturas do colo do úmero, a grande maioria das técnicas são efetuadas por cirurgia mini-invasiva (artroscopia do ombro), pelo que deve procurar um centro especializado para o efeito. São cirurgias menos agressivas e menos dolorosas e, por isso, recuperações mais fáceis e rápidas, quer para o doente normal, quer para o atleta de alta competição.
ATENÇÃO
Se você tem dor, NÃO se auto-medique sem saber a causa das suas dores.
Não existe medicamento mágico, pomada, massagem, técnica revolucionária, exercício único! Esqueça isso!
Não existe receita de bolo, ou seja, cada paciente precisa de um tratamento específico para seu caso e por isso uma avaliação é fundamental!
Outra coisa, você pode até fazer um exame, mas não acredite em tudo que vai ler!
Leve este exame a um bom profissional que saiba ler e interpretar bem o laudo, mas faça PRINCIPALMENTE uma boa Avaliação Física utilizando testes Ortopédicos e Neurológicos com embasamento Científico! Só assim você vai tratar o que de fato te causa dor!
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